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Lago Titicaca: Turismo Vivencial – Dia 01
Hoje iremos navegar pelo Lago Titicaca, este é o lago navegável mais alto do mundo e o mais famoso do Peru.
O traslado da Machu Picchu Brasil estava no hotel me aguardando para irmos ao passeio, me levaram até o Porto de Puno para iniciar minha jornada pelas águas do Lago Titicaca.
[DÚVIDA] O PASSEIO LAGO TITICACA VIVENCIAL É UM PASSEIO INESQUECÍVEL DE DOIS DIAS, ONDE TROCAREMOS EXPERIÊNCIAS E COMPARTILHAREMOS A CASA DE UMA FAMÍLIA DA ILHA DE AMANTANI.
No barco, todos os passageiros também iriam passar a noite na Ilha Amantani. Pessoas de todas as partes do mundo, de todas as idades, sozinhas ou acompanhadas, estavam prestes a ter uma experiência incrível juntas.
Os barcos que fazem o passeio são confortáveis e seguros. O Lago Titicaca nem sempre está com suas águas calmas, às vezes pode haver ondas de até 2 metros de altura, portanto, é importante estar em uma embarcação segura!
Chegar no porto e avistar o Lago já é uma surpresa. Por mais que tenha lido sobre e visto fotos, ver a infinidade de água, onde a vista não alcança os limites do Lago, já me surpreendeu e eu tive certeza de que me surpreenderia muito mais.
Puno e o Lago Titicaca foi habitado por várias culturas ao longo dos anos e possui diversas lendas acerca de seu surgimento.
[LENDA] Uma delas, fala que a princípio, o Lago era um grande vale fértil, onde sua população que ali habitava, viva em paz e harmonia com a única proibição dada pelos Apus (deuses das montanhas) de que eles não poderiam subir às montanhas, onde havia o Fogo Sagrado. Bem, um belo dia, os espíritos malfeitores, procurando destruir a harmonia que havia, instigaram a população a provar sua coragem subindo ao topo da montanha onde ardia o Fogo Sagrado. Ao desobedecerem a ordem dada e subirem a montanha, os Apus contrariados com tal atitude, soltaram os pumas que viviam nas cavernas nos topos das montanhas para que devorassem toda a população. Entristecido ao ver a desgraça que assolou o Vale, Inti (deus Sol), chorou por 40 dias e suas lágrimas inundaram todo o vale, e somente um homem e uma mulher se salvaram do ataque dos pumas e do afogamento nas lágrimas do deus Sol graças a uma barca de totora. Ao término dos 40 dias, esses dois sobreviventes se viram em meio a um imenso lago, onde os pumas haviam se tornado pedras e, assim, resolveram nomear o lugar de Titicaca, que significa “puma de pedra”. Se virar o mapa do Lago Titicaca de cabeça para baixo, verá (com um pouco de imaginação) que ele possui o formato de um puma!
Aproximadamente 30 minutos navegando pelo Lago e chegamos em nosso primeiro destino: a Ilha flutuante de Uros! Ao contrário das outras ilhas do Lago, Uros é uma ilha artificial que tem em sua base a Totora: uma planta que nasce no Lago Titicaca e que é utilizada para tudo (artesanato, medicina, alimentação, construção de casas e barcos e na construção e manutenção das ilhas flutuantes). Ao pisar na Ilha, a sensação era que a qualquer momento eu cairia. Levei alguns minutos para me acostumar à sensação estranha de pisar nas camadas de totoras que cobrem a ilha (e que precisam ser renovadas de 15 em 15 dias).
A cultura dos Uros é bem peculiar, sendo uma cultura pré-inca que usou a totora para fabricar balsas como forma de fugir da dominação que estava ocorrendo em Puno. Chegando na Ilha fomos recebidos pelo prefeito daquela ilha, que é pai da família que vive ali. A ilha é bem pequena e tudo é feito de totora. A família explica (em idioma aymara) usando uma “maquete natural” como são construídas as ilhas com bloques de raiz de totora e como a totora possui várias outras funções. Na cultura dos Uros, uma família é constituída não apenas por ligação de sangue, mas também por laços de amizades, ficando uma casa com a porta de frente pra outra. Quando há algum desentendimento entre uma casa e outra, eles viram a casa de costa para a outra. Se for um desentendimento muito forte e que o prefeito da ilha não consegue resolver, então eles fecham a ilha (!!!) e formam outra ilha. Uma vez isso feito, fica difícil juntar as ilhas novamente, mesmo a amizade tendo sido reestabelecida.
Após a visita a essa pequena ilha de Uros, fomos até a Capital dos Uros, que é uma Ilha maior, onde há bastante artesanato, local para alimentação e onde há também o carimbo do Lago Titicaca no passaporte por apenas S/1,00. Para ir até lá, fomos de “Mercedes Benz”: um barco construído com totora e garrafa pet utilizado para transporte dos turistas.
Após a visita em Uros, voltamos para o barco para seguir viagem navegando pelas águas do Lago até chegar em nossa próxima parada, que estava há aproximadamente 2h30h dali.
Enquanto navegávamos, o barco de salva vidas passava por nós e pelos outros barcos para se certificar de que estava tudo tranquilo pelo Lago Titicaca. No horizonte se avista picos nevados, que formam uma paisagem surreal.
Após navegar e navegar, chegamos ao destino final daquele dia: a Ilha Amantani. Essa ilha é uma das maiores do Lago Titicaca e tem como ponto forte de atividade econômica, o turismo vivencial. Nessa Ilha todos nós teríamos o pernoite em uma casa de família.
No caminho, o guia já havia informado como seria a estadia e como as famílias se organizam para essa atividade. Há famílias que trabalham com isso há muitos anos e outras famílias que estão ingressando nessa prática.
A escolha da família é feita por um sorteio realizado pela comunidade, eles escolher o numero exato de famílias que receberam os turistas a cada dia do mês.
Ao chegarmos na Ilha no meio da tarde, as famílias já estavam nos aguardando no porto. O guia organizou o número de turistas de acordo com as habitações disponíveis nas casas e nos distribuiu entre as famílias. Na casa que eu fiquei, a família era formada por 6 pessoas e estávamos em 4 turistas – ficando dois em cada quarto.
O quarto, assim como todo o restante da casa, era feito de adobe e tudo bem simples. Porém, o importante era que a cama estava farta de cobertores e o possível frio que eu poderia passar durante a noite era o que mais me preocupava. Mas ver a cama bem quentinha, me deixou tranquila.
Após nos acomodarmos em nossos quartos, foi servido o almoço: de entrada, uma (deliciosa) sopa de quinoa; depois, foi servido um prato com alguns tipos variados de batatas e outros tubérculos (que eles mesmos produzem), arroz e salada; e, ao final, um mate de coca.
Após o almoço, todo o grupo se reuniu novamente para poder fazer a caminhada até o Templo de Pachatata (Pai Terra), que fica localizado na parte mais alta da ilha. A caminhada leva cerca de 1 hora e é bem cansativa devido à subida e o Templo fica fechado todo ano, sendo aberto apenas em um único dia. Mas a vista do Lago lá de cima é indescritível e como o sol já estava prestes a se pôr, nos sentamos para admirar esse espetáculo que era o Sol se pondo por detrás das ilhas do Lago Titicaca. Mais uma vez fiquei sem palavras.
Depois do pôr-do-sol no Lago Tititcaca, voltamos para as nossas famílias, pois ainda faltava muito pra esse sábado acabar: a noite teria festa!
Banho, nem pensar! A água é extremamente gelada e ninguém quis se aventurar a experimentar a forma que os moradores de Amantani se banham. Mas, mesmo sem ter experimentado, já os admiro pela coragem. Pela coragem de tomar banho!!! Pois é…
Bem, a noite foi servido o jantar: sopa com batata de entrada e macarronada com batatas fritas – tudo delicioso! E claro, mate de coca ao final.
Depois da jantarmos, Margarida (uma das integrantes da família) nos entregou a roupa típica para a festa que eles estavam organizando. Eu estava ansiosa para isso, queria usar suas roupas e saber com dançam, o que cantam, etc.
A festa estava com todos os turistas que estavam passando a noite na Ilha. Havia venda de refrigerante, cerveja e água. E dança. Muita dança! O clima era de alegria e diversão, até mesmo porque não havia como ser diferente: as músicas eram alegres, os músicos eram simpáticos, as famílias estavam animadas a nos ensinar como se bailava e era tudo muito novo para gente, então estávamos empolgados com tudo.
Porém, tudo tem um fim, e a festa também. O cansaço de caminhar o dia todo fazia meu corpo gritar por uma cama quente. Queria descrever aqui como é o céu de Amantani, mas cheguei à conclusão de que isso é impossível. É preciso ver para crer!!!
E a jornada pelo Lago Titicaca não acabava nessa noite. Amanhã teria mais…
Impressões gerais sobre o passeio por Michelle Lemes
Texto : por Michelle Lemes – Google+